Violação de privacidade
Desde que um ex-namorado rancoroso decidira enviar a quem com ela privava fotografias pornográficas tiradas numa noite bem bebida, que a sua vida se transformara num autêncito tormento. Custava-lhe sair de casa, sabendo que os vizinhos a tinham visto nua de gatas com o rabo alçado e as unhas fincadas no lençol. Tinha de se forçar a ir trabalhar, convencendo-se de que talvez houvesse colegas que não a tivessem visto com a boca escancarada e salpicada de branco e uma expressão de prazer rebarbado na cara. E já não atendia o telefone aos amigos, nem aos mais próximos, porque não queria ter de explicar que não, aquilo até nem tinha doído assim tanto.
O tempo passou e a vergonha foi-se atenuando. Ao ponto de ser substituída por um incómodo de outra natureza. Passaram-se três meses desde que a sua faceta obscena se tornara pública e, por mais que receasse a princípio os comentários por trás das costas, os olhares, as piadinhas de mau gosto, começava agora a afligi-la ver que estes não chegavam. Todos a tratavam como sempre haviam feito. E não havia dúvidas de que tinham realmente visto as fotografias porque o email fatídico, com dois megabytes de devassidão hardcore anexados, continuava na caixa de correio electrónico geral da empresa. Que raio! Ser enxovalhada por culpa de um delírio privado era desagradável mas aquela indiferença conseguia sê-lo ainda mais. O material era chocante e não conseguia perceber como ninguém reagia. Seria possível que não o tivessem examinado com a atenção devida?
Certa noite, antes de adormecer, tomou uma decisão. No dia seguinte, a caminho do trabalho, passaria por uma loja de molduras e consultaria o catálogo. Sabia já o que oferecer pelo Natal a todos os seus conhecimentos.
2 Dichotes:
At 6:50 da tarde, CS said…
Diz o povo...
Se não os podes vencer, junta-te a eles!!!
At 12:39 da manhã, Anani said…
Não interessa que falem bem ou mal, interessem é que falem! :-D
Ahahahahahahah
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